Durante alguns dias a casa parecia um campo de guerra.
E eu tive o duvidoso privilégio de ficar bem no meio deste campo tendo de um lado meu marido e do outro as meninas.
Por um instante eu pensei em realmente seguir o conselho da minha mãe e não me meter, deixar que elas se virassem com os xiliques do pai mas foi só por um instante.
Porque depois eu me lembrei do quanto eu fiquei magoada com minha mãe quando ela me disse que não ia me defender diante do meu pai porque eu iria me casar um dia e ir embora e ela ia ter que viver com ele o resto da vida.
Ela estava certa, eu me casei, tenho minha vida e ela continua lá, aguentando as manias e surtos dele.
Mas doeu muito, magoou muito descobrir que minha mãe não faria qualquer coisa por mim, que a conveniência de não ter que brigar por mim falou mais alto que o coração de mãe dela.
Foi quando eu decidi que não ficaria em pé no meio da briga do meu marido com minhas filhas e nem que tomaria partido dele.
Fiquei do lado delas, briguei, xinguei, fui xingada e ofendida mas não arredei o pé.
Porra, é só um namorinho, ninguém nem sabe se vai dar certo.
Mas eu fiquei e fico ao lado delas, para esse e para quantos vierem depois desse se for o caso.
Por que isso para mim não tem preço : ser mãe à toda prova.
Com ele, eu vou viver o resto da vida mesmo e não vai ser meia dúzia de insultos que me farão mudar de idéia a respeito disso.
E um dia, minhas filhas terão a mesma coragem que eu, de ficarem em pé, ao lado de suas filhas em suas batalhas. Não para lutarem por elas mas para que elas tenham a certeza de que têm sua mãe ao seu lado, sempre.