domingo, 17 de março de 2013

Meu Dudi

- Mas porque Dudi?
- Não sei, não me lembro.
- Como não se lembra? Não foi você quem escolheu?
- Foi mas não me lembro o motivo.

A pergunta vinha, de tempos em tempos e a resposta era sempre a mesma : "não sei, não me lembro"

Eu escolhi o apelido de meu irmão mais novo quando ele ainda era um bebê. Eu não era muito mais velha e sinceramente, não me lembro por que escolhi chamá-lo assim.

O que eu me lembro com clareza era ele ser o meu boneco favorito na infância.

Mesmo tendo bonecas lindas, o meu Dudi era insuperável, afinal, ele andava sozinho, falava tudo e comia de verdade.

Eu tinha um Baby Alive muito mais legal do que essas bonecas-monstros que custam uma fortuna e imitam de forma grotesca um bebê humano.

Eu não me recordo de muitas coisas de minha infância em São Paulo, antes de nos mudarmos para Goiânia.

Mas eu me lembro de nossas brincadeiras juntos, quando meu irmão andava para todo lado me seguindo e fazendo tudo o que eu pedia para ele.

Ele era o meu Dudi.

E fui eu quem passou a sessão inteira de Guerra nas Estrelas Episódio IV lendo todas as legendas para ele.

O tempo passou, e nós crescemos.

Mas ele continuou sendo meu Dudi, que eu levava de carro até Santo André para ele poder "namorar".

E ninguém mais podia chamá-lo assim, só eu.

Meu Dudi, que chorou sem parar durante a cerimônia do meu casamento.

Que jurou que afogaria meus bebês se não fossem homens e se derreteu todo quando viu suas primeiras sobrinhas na maternidade.

Que se tornou um homem e se casou.

E me deu duas sobrinhas que amo de paixão.

Tantos anos se passaram desde que brincávamos no quintal do apartamento da Rua Herval...você, meu irmão, provavelmente nem se lembra, eu mesma me lembro de tão poucas coisas daqueles anos.

Mas eu me lembro de você, de seu rosto, de seu sorriso, da alegria que era ter você e o Paulinho ao meu lado.

Hoje, no dia do seu aniversário, agradeço a Deus por me permitir estar ao seu lado para abraçá-lo, beijá-lo e dizer :

Dudi, meu Dudi, eu amo você!