domingo, 30 de junho de 2013

Um livro por dia - #29 - A Máquina do Tempo


A Máquina do Tempo - H.G.Wells






Um livro de ficção lançado em 1895 e ainda assim, é muito atual, especialmente no que diz respeito às duas raças que o Viajante do Tempo encontra no futuro.

Foi um livro que li com interesse após assistir a um filme baseado nesta obra.

E confesso que, apesar do filme ser muito interessante - não o filme de 2002, muito diferente da obra de Wells e sim o filme de 1960 - o livro é ainda melhor pois passa para o leitor uma reflexão mais profunda com relação ao que se esperar da humanidade na questão evolução humana.

O Viajante do Tempo, foi um personagem que me agradou mas quem me conquistou de verdade neste livro foi Weena, inocente e pura, que presenteia o viajante com flores, as mesmas que ele usa para tentar convencer seus amigos de sua incrível viagem.

Weena para mim foi um símbolo - não sei se foi essa a intenção do autor - de que, apesar de tudo, a humanidade tem salvação.

E tenho comigo, para meu conforto, duas estranhas flores brancas - agora murchas, castanhas, espalmadas e estaladiças - testemunho de que, mesmo depois de a mente e a força se irem, a gratidão e uma ternura mútuas habitavam ainda no coração do homem.



Nota - a série de posts Um livro por dia não tem a intenção de publicar críticas ou resenhas úteis ou mesmo interessantes. São sentimentos e sensações que aconteceram durante a leitura dos livros e que se transformaram em palavras. Se não fizerem sentido nenhum, por favor, não tente fazer com que tenham.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Um livro por dia - #28 - Um Certo Capitão Rodrigo


Um Certo Capitão Rodrigo - Érico Veríssimo


Este foi o primeiro livro de Érico Veríssimo que eu li.

E, aos 13 anos apaixonei-me completamente pelo Capitão Rodrigo Cambará.

Toda a história me encantou, as cenas, o jeito de "contar causos"do autor, a história, o folclore e os costumes do Rio Grande do Sul, e claro, Rodrigo Cambará.

Eu li e reli o livro e depois li novamente quando descobri que era um excerto de uma obra muito maior que eu também estava lendo : O Tempo e o Vento - O Continente.

Foi quando descobri também Ana Terra e por ela, também me apaixonei.

E quando fomos, eu e meu irmão, junto com meu pai, fazer uma entrevista no Colégio Palmares, a diretora, Zilda, nos crivou de perguntas sobre aonde tínhamos estudado antes e estava nos explicando sobre o teste que faríamos para saber se poderíamos estudar em seu colégio quando, após uma pergunta sobre o que eu fiz nas férias, ela se mostrou curiosa quando minha resposta foi "eu li" e, após dizer a ela qual autor eu havia lido no último mês, a caneta se soltou de sua mão e ela parou de fazer anotações para se concentrar apenas em mim.

Olhou-me fixamente e repetiu a pergunta :

- Leu quem?

- Érico Veríssimo.

- E o que você leu dele neste mês?

- Um Certo Capitão Rodrigo, Clarissa, Olhai os Lírios do Campo, Ana Terra ...

Eu nunca vou me esquecer dos olhos escuros brilhando de alegria e da empolgação com que ela começou a conversar comigo sobre os livros que ela também amava.

Nem eu nem meu irmão nunca soubemos como era o teste para ingressar no Palmares, minha paixão pela leitura e meu acervo de livros já lidos, especialmente Um Certo Capitão Rodrigo, foram mais do que suficientes para nos garantir as vagas na escola.

Nunca meu amor pelas páginas escritas foi tão bem aproveitado.



Apeou na frente da venda de Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com ar de velho conhecido:
– Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!

Nota - a série de posts Um livro por dia não tem a intenção de publicar críticas ou resenhas úteis ou mesmo interessantes. São sentimentos e sensações que aconteceram durante a leitura dos livros e que se transformaram em palavras. Se não fizerem sentido nenhum, por favor, não tente fazer com que tenham.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Um livro por dia - #27 - Harry Potter e a Pedra Filosofal


Harry Potter e a Pedra Filosofal - J.K.Howling




Um bom livro para suas crianças, foi o que me disseram quando me recomendaram este livro como leitura para as minhas filhas, na época com 11 ou 12 anos.

Eu tinha o costume de ler, escutar ou assistir tudo o que elas liam, escutavam ou assistiam quando crianças, um cuidado que acabou me apresentando alguns ótimos animes, mangás, músicas e livros.

Com Harry Potter e a Pedra Filosofal foi amor à primeira vista. Eu não tinha ideia do projeto da autora de escrever sete livros, um para cada ano de Harry na escola e o livro me encantou desde o início, tanto que o terminei em apenas um dia e logo o entreguei às minhas filhas, que se revezaram na leitura.

Foi a partir deste livro, que a Bruna passou a ler compulsivamente, não apenas as aventuras de Harry Potter - a cada livro lançado, passávamos as três, vários dias brigando pela posse dele por algumas horas - mas pela leitura em geral, o que me deixou imensamente feliz. Para uma traça de livros como eu, ter uma filha que lia apenas por obrigação os livros da escola era muito doloroso e eu não já não sabia mais como conquistá-la, como fazê-la entender o quanto a leitura por prazer podia ser boa. Harry Potter conseguiu isso.

Algumas pessoas dizem que a autora simplesmente adaptou  lendas e folclore de vários povos e misturou tudo em seu próprio universo e é claro, ao menos para mim, que ela fez isso mesmo.

Mas, em minha opinião, a história foi muito bem elaborada e, apesar dos últimos livros darem a impressão de que o lado comercial superou as boas intenções literárias, eu ainda acho as aventuras de Harry Potter e seu mundo mágico, encantadoras. Crianças descobrindo o mundo e, no caso de Harry, descobrindo um mundo mágico do qual ele faz parte, descobrindo que existem neste mundo, coisas piores e mais perigosas do que seu primo Duda e seus tios com seu desprezo e pouco caso.

Para mim, ler sobre todos os acontecimentos sob o ponte de vista de uma criança de 11 anos foi uma experiência muito boa e me fez querer ler mais, acompanhar cada ano, o crescimento deste menino extraordinário que conseguia salvar o mundo do mal sem nem mesmo saber como fazer isso.

Conhecer aos poucos cada personagem e, gostar ou odiar cada um deles junto com Harry foi talvez a parte mais interessante desta leitura.

Mas, a maior mágica que Harry Potter fez em minha vida, eu nunca vou esquecer foi fazer minha filha passar a amar a leitura e começar a ler livros por conta própria e por prazer.

E isso para mim foi um presente cujo valor é inestimável.


Ele não podia saber que nesse mesmo instante, havia pessoas se reunindo em segredo em todo o país que erguiam os copos e diziam com vozes abafadas.
- À Harry Potter, o menino que sobreviveu.



Nota - a série de posts Um livro por dia não tem a intenção de publicar críticas ou resenhas úteis ou mesmo interessantes. São sentimentos e sensações que aconteceram durante a leitura dos livros e que se transformaram em palavras. Se não fizerem sentido nenhum, por favor, não tente fazer com que tenham.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Um livro por dia - #26 - Sussurro


Sussurro - Becca Fitzpatrick



Quando essa onda de livros sobre anjos caídos, anjos vingadores, anjos e mais anjos começou a se avolumar, eu já tinha lido - e amado - Sussurro.

E, sinceramente, perdi o interesse por outros livros que falavam sobre anjos.

Todos tentam pegar carona nas "modinhas" literárias e começam a publicar livros e mais livros sobre o mesmo assunto.

E ficou tão óbvio que todos queriam apenas se aproveitar do momento que até mesmo as continuações de Sussurro não me chamaram tanto a atenção como este primeiro livro.

Sussurro foi o livro sobre anjos que mais que agradou nos últimos tempos e a trama me cativou desde o início.

Não porque fale especificamente sobre anjos mas porque é um livro que fala basicamente sobre o amor. O tom adolescente da narrativa - que pode ser extremamente irritante para alguns - foi o que mais me atraiu na história.

Apesar de abordar um tema forte, repleto de mortes e tragédias, esse tipo de narrativa me deixa leve, mais animada e mais interessada na leitura.

Quando criança, eu lia livros para adultos, pesados, complexos, dolorosos. Naquela época, eu não tinha problemas, preocupações, não tomava decisões das quais dependiam outras famílias, eu apenas vivia um dia após o outro sem nem mesmo ter noção de onde vinha a comida que era colocada na mesa do jantar.

Hoje em dia, eu prefiro os livros aonde o maior problema da protagonista é parecer gorda usando um jeans apertado. E as situações de perigo e tragédia são pura ficção como anjos caídos, nefilins poderosos e homens perfeitos se apaixonando pela mocinha da história.

Sussurro só entrou nesta lista de 30 livros porque conseguiu despertar em mim muitas emoções e nenhuma preocupação.

Um anjo caído, um nefilin, uma guerra, um amor adolescente impossível.

Tudo o que eu precisava para matar minha sede de livros e diversão.


 Não consigo entender por que está tão interessado.
Ele sacudiu a cabeça suavemente.
- Interessado? Estamos falando sobre você. Estou fascinado.


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terça-feira, 25 de junho de 2013

Um livro por dia - #25 - As Brumas de Avalon


As Brumas de Avalon - Marion Zimmer Bradley



Uma história sobre o Rei Arthur contada pela visão das mulheres de sua vida :  sua mãe, sua irmã, sua esposa, sua tia...

Eu li esta coletânea aos 13, 14 anos e achei o máximo essa mudança de foco.

Para alguém com a bagagem literária que eu tinha, a história não tinha nada de especial mas me fascinou ler sob o ponto de vista das mulheres, enfrentando preconceitos e conceitos mal formados dos supostos heróis da história.

Eu nunca fui feminista mas era terminantemente contra atitudes machistas e ler Marion Zimmer Bradley, que se posicionava claramente contra os costumes bárbaros dos homens, foi um prazer para mim.

Marion me mostrou o quanto uma mulher pode ser poderosa, sem precisar usar uma coroa ou carregar uma espada.

Apenas sabendo usar sua inteligência aliada ao seu coração.





"Avalon estará sempre ali para todos os que puderem buscar o caminho, por todos os séculos e além dos séculos. Se não puderem encontrar o caminho de Avalon, isso talvez seja um sinal de que não está pronto pra isso. "

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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um livro por dia - #24 - Um Estudo em Vermelho


Um Estudo em Vermelho - Sir Arthur Conan Doyle

Eu não sei se é de praxe ou se é inconsciente mas, praticamente todos que eu conheço, foram apresentados a Sherlock Holmes por este livro.

Talvez outras histórias como O Signo dos Quatro ou O Cão dos Baskervilles sejam até mesmo mais interessantes do que esta primeira aventura de Holmes e Watson mas para mim, este primeiro contato com Sherlock Holmes foi o que mais me marcou e que me abriu as portas para a leitura de suas outras aventuras.

O modo acurado e preciso com que Watson descreve todas as minúcias, manias e métodos do detetive me encantaram e ainda me encantam.

Olhar a narrativa pelos olhos do médico é, para mim, a melhor parte do livro.

E, graças ao Dr. Watson, Sherlock Holmes ganhou uma fã de carteirinha.

Em 1878, graduei-me doutor em medicina pela Universidade de Londres e fui para Netley fazer o 
curso destinado aos cirurgiões do exército. Concluí meus estudos a tempo de ser designado para 
servir como cirurgião-assistente no Quinto Regimento de Northumberland.


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domingo, 23 de junho de 2013

Um livro por dia - #23 - Vento Leste, Vento Oeste


Vento Leste, Vento Oeste - Pearl S. Buck


Um dos livros "roubados" da biblioteca de minha mãe que mais marcou minha infância de traça de livros.

É uma história linda e apaixonante que me deixou emocionada e me ensinou, muito antes de Obi-Wan Kenobi que a verdade sempre depende de nosso ponto de vista.

Faz tempo que estas páginas amareladas passaram pelas minhas mãos e muitos detalhes desta história linda já se perderam para mim.

Mas eu nunca vou me esquecer dos pequenos pés sendo desenfaixados e toda a dor que isso causou.

Não me esqueço da descoberta do amor entre Kwei-Lan e seu marido, tão bonita e tão bem descrita, em cenas quietas e suaves.

E dos estranhos costumes chineses, das senhoras obesas e mal-educadas , da aversão aos estrangeiros a tudo o que vinha de fora da China, da pretensão de que a China estava no centro do universo - daí a expressão "Império do Meio" que eles usavam - e, acima de tudo, me recordo bem da sensação de medo de Kwei-Lan ao ser jogada por seu marido, em um mundo aonde a mulher tem voz e vez.

Para mim, criança ainda, ler este livro foi uma viagem de descobertas que despertou ainda mais minha curiosidade sobre outras culturas que não a nossa e me deixou ainda mais consciente das injustiças que existiam no mundo.

E Pearl Buck tornou-se então, uma heroína aos meus olhos, quando Kwe-Lan, finalmente aceita sua cunhada estrangeira como uma irmã.

Foi quando o título deste livro lindo, passou a fazer sentido para mim.

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sábado, 22 de junho de 2013

Um livro por dia - #22 - História de Bichano e Corça Branca


História de Bichano e Corça Branca

Eu nunca descobri o autor deste conto de fadas. Ele faz parte de uma coleção de histórias que minha mãe comprou quando éramos crianças e que eu devorei da primeira à última página cada um dos volumes.





Eu amei cada uma das histórias - apaixonada que era pelos contos de fadas -  mas este conto em especial, praticamente desconhecido perto de Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, O Gato de Botas e A Bela Adormecida, foi um marco para mim.

Sua história não é muito diferente dos contos tradicionais, exortando o leitor a perseverar na gentileza e bondade e a confiar que o bem sempre é capaz de vencer o mal.

Mas, a lembrança da voz de uma professora de quarta série, lendo para seus alunos durante as tardes quentes passadas em uma sala de aula de uma pequena escola em Goiânia, nos idos de 76/77, nunca vai deixar de ser para mim, uma das mais gostosas de minha infância.

E a História de Bichano e Corça Branca é hoje, um símbolo e uma lembrança viva de que eu tive uma infância muito feliz.

"- Lourinha, minha filha, - disse-lhe a mãe - não perca, nunca, a fé e continue sendo sempre boazinha e amando seus semelhantes. Embora a vida lhe apresente, por vezes, algum contratempo, não desanime."



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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Um livro por dia - #21 - O Vampiro Armand



O Vampiro Armand - Anne Rice


De todas Crônicas Vampirescas, este é o meu livro favorito. 

Todos eles são bons, sou apaixonada pelos vampiros de Anne Rice desde...desde sempre.

A cada novo livro que me caía nas mãos eu gostava mais e mais deles especialmente de Armand, o vampiro-adolescente de 500 anos que tinha a beleza de um anjo e a maldade de um demônio.

E então, chegou a vez  d'O Vampiro Armand.

Foi a gota d'água. Era tudo o que eu precisava para colocar definitivamente os vampiros de Anne Rice no topo da minha preferência.

Como adoradora de vampiros, eu lia e ainda leio tudo o que se refere a eles.

Sua história é terrível e dolorosa. E contada por ele de uma maneira tão displicente, tão fria, que ficava difícil imaginar que, algum dia ele foi aquela criança inocente que viveu em Kiev e pintava retábulos de santos.


Eu devia ter uns dezessete anos quando Marius transformou-me em vampiro. Eu já parara de crescer nessa época. Passei um ano com um metro e sessenta e oito.



Mas eu adorei cada página.

Para mim, saber de tudo sobre o personagem, foi mais um incentivo para gostar ainda mais dele.

E até hoje, nenhum vampiro, bom ou mau, brilhando ou não à luz do sol, conseguiu derrubar Armand de seu disparado primeiro lugar no meu coração.


De vez em quando, viam o fantasma da menina. Mas nenhum desses vampiros conseguia realmente ver espíritos, pelo menos não como eu. Não importa. Não era a companhia da menina que eu desejava — e sim estar ali.




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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um livro por dia - #20 - Os Trabalhos de Hércules




Os Trabalhos de Hércules - Agatha Christie


Este não foi o primeiro livro de Agatha Christie que li mas foi, sem dúvida o mais interessante.

Conheci Hercule Poirot muito antes deste livro e me apaixonei pelo detetive belga.

Seu jeito afetado e convencido me encantou logo de cara e, por causa dele, quando adolescente eu tinha dois sonhos : conhecer a Bélgica e falar francês.

Hoje, meus dois sonhos já se realizaram e as histórias e aventuras de Hercule Poirot continuam sendo, para mim, as melhores que já li.

E, de todas as aventuras de Poirot, Os Trabalhos de Hércules é a minha preferida.

São 12 contos, cada um deles relacionado a um dos trabalhos do herói mitológico Hércules, começando  pelo Leão de Neméia, até o cão Cérberus, passando pela Hidra de Lerna e pelo cinto de Hipólita, Poirot desvenda caso por caso de maneira brilhante, desafiando seu intelecto, decidido a superar o herói grego do qual herdou o nome.

E são 12 contos magníficos nos quais passei horas deliciosas lendo.

Presunçoso e convencido de seu intelecto superior, Poirot sempre foi engraçado e divertido.

E sempre será, nos livros, o meu detetive favorito.



- Estava pensando em uma conversa imaginária. Sua mãe e a finada Sra. Holmes, costurando ou tricotando roupinhas e dizendo: ‘Achile, Hercule, Sherlock, Mycroft...’
Poirot não conseguiu compartilhar do divertimento do amigo.

- Devo compreender que o que está dizendo é que em aspecto físico eu não me assemelho a Hércules?

Os olhos do Dr. Burton correram por Hercule Poirot, por toda a sua meticulosa pessoinha vestida de calças listadas, correto paletó preto e impecável gravata borboleta, correram de seus sapatos de verniz preto até sua cabeça de ovo e os imensos bigodes que adornavam seu lábio superior.

- Com toda a franqueza, Poirot – disse o Dr. Burton -, nem um pouco!”





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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Um livro por dia - #19 - O Senhor dos Anéis


O Senhor dos Anéis - J.R.R.Tolkien


Eu só decidi ler A Sociedade do Anel quando soube que o longa-metragem seria filmado.

E posso dizer sem sombra de dúvida que me arrependi muito.

Sim, eu me arrependi por não ter lido Tolkien antes daquele dia.

O livro foi devorado em menos de dois dias - depois é claro de um momento de revolta durante a cena na floresta com Tom Bombadil - e minha paixão pelos hobbits foi instantânea.

Eu li compulsivamente o segundo e o terceiro livros porque precisava compensar o tempo perdido sem J.R.R.Tolkien em minha vida.

E me apaixonei por seus personagens.

Samwise Gamgi me conquistou por sua lealdade e seu amor por Frodo.

E eu amei Gimli e Legolas com sua rivalidade natural evoluindo pouco a pouco para uma amizade eterna.

Amei Aragorn por sua nobreza de caráter, por sua coragem e, acima de tudo por viver um amor épico, digno de um conto de fadas.

A missão determinada por Elrond para os 9 amigos me consumiu e eu queria que eles conseguissem chegar logo para destruir de uma vez por todas o anel.

Estranhei um personagem como Boromir morrer assim "logo de cara". Foi nobre e bonito mas eu queria um pouco mais dele na história.

O segundo livro, As Duas Torres foi mais empolgante, e lido em apenas um dia.

Boromir foi esquecido rapidinho com a entrada dos Rorrihim, Gríma língua-de-cobra e mais uma tonelada de seres, homens e orcs.

Mesmo com os novos personagens sendo apresentados, meu foco era totalmente nos hobbits e no resto da Sociedade que ia se dilacerando, o que me deixou muito angustiada mas a narrativa de Tolkien me prendia às páginas, desejando terminar o livro para ver o que ia acontecer no desfecho desta história.

Legolas e Gimli competindo para ver quem conseguia matar mais orcs, foi o melhor momento da Batalha no Abismo de Helm.

E em O Retorno do Rei, a sensação mais marcante em mim foi novamente a lealdade sem limites de Sam, que se oferece para levar Frodo nas costas até seu destino. 

Em meio a tantos acontecimentos importantes, missões, batalhas e decisões, para mim, Sam é o personagem mais importante de toda história. 

É ele quem se mantém fiel às suas convicções até o fim, é ele quem, no final, conduz o Um Anel à destruição e é ele quem leva os hobbits a salvar seu precioso Condado das mãos de Saruman e restaura sua glória.

E quando eu pensava que a história tinha chegado ao fim, a melhor e maior surpresa chegou na forma dos apêndices que me deixaram literalmente de queixo caído.

E eu amei Tolkien por ser tão detalhista, tão perfeccionista a ponto de deixar o melhor para o final, para os pequenos (?) textos jogados no final do livro, textos que geralmente nem são lidos pelos mais impacientes.

Textos que me cativaram e me fizeram amar ainda mais o universo fantástico criado por alguém que eu considero um gênio desde o dia em que meus olhos foram atraídos pelas primeiras palavras de seu livro :

"Quando o Sr. Bilbo Bolseiro anunciou que..."

E a partir daí, eu não consegui mais parar de ler.



(…) Quanto mais avançarem, mais difícil será recuar; apesar disso não lhes é impingido qualquer juramento ou compromisso de continuar além do que estiverem dispostos. Pois vocês ainda não conhecem a força dos próprios corações, e não podem prever o que cada um encontrará na estrada.
A Sociedade do Anel

"Lutamos muito abaixo da terra vivente , onde não se conta o tempo. Ele sempre me agarrava e eu sempre o derrubava até que finalmente ele fugiu para dentro de túneis escuros. Estes não foram feitos pelo povo de Durin, Gimli, Filho de Glóin. Muito, muito abaixo das escavações dos anões, o mundo é corroído por seres sem nome. Nem mesmo Sauron os conhece. São mais velhos que ele. Agora, eu andei por lá, mas não farei nenhum relato para escurecer a luz do dia. "
As Duas Torres

Não vou pedir que não chorem, pois nem todas as lagrimas são um mal.
O Retorno do Rei


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terça-feira, 18 de junho de 2013

Um livro por dia - #18 - A Sombra do Vento


A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón


Conheci este escritor através de uma querida amiga que me presenteou com A Sombra do Vento quando nos preparávamos para viajar juntas para Brasília.

Eu vinha de uma leva de autores norte americanos e livros em inglês e, por alguma razão, a leitura de um livro em português, traduzido do espanhol, tornou-se uma experiência marcante para mim.

Primeiro porque era uma história sobre livros, algo que eu amo de paixão.

Cresci no meio de livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó cujo cheiro ainda conservo nas mãos.

Segundo porque a aventura se passava em Barcelona, uma cidade que eu sempre amei e que fazia pouco tempo, eu visitara e havia voltado de lá encantada com o lugar.

E, mesmo com o ritmo por vezes confuso que o autor imprimiu à história de Daniel e sua obsessão por um escritor há muito esquecido, eu me descobri apaixonada pela narrativa, acompanhando os passos de Daniel pelas ruas do bairro gótico de Barcelona, pela Rambla, pelo Tibidabo, preocupada com o destino terrível que poderia se abater sobre o protagonista desta história fantástica, onde um livro, ocupava um dos papéis principais.

Para mim aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos livros esquecidos.

E talvez seja por isso que eu me identifiquei tanto com Daniel, o jovem obcecado por um escritor e sua obra que, na iminência de ser destruída, encontra em um jovem determinado, a força para continuar existindo. 

Todos os livros possuem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele.



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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Um livro por dia - #17 - Cazuza


Cazuza - Viriato Corrêa


Eu ganhei este livro no dia 12 de outubro de 1976.

A diretora da nossa pequena escola deu este livro de presente a todos os alunos.

Eu não tenho idéia de quantos dos presenteados leram este livro mas eu, aos 9 anos, já adorava ler e recebi o presente já folheando as páginas, interessada e ávida por começar a leitura.

E essa história singela me conquistou de tal maneira que, em pouco tempo ela foi lida e muitas vezes relida.

As aventuras e desventuras de uma criança nascida no sertão do Maranhão não tinha nada a ver com a minha realidade e aqueles cenários pouco familiares, aquelas personagens estranhas e pitorescas eram motivo de muito interesse. Eu queria saber, conhecer, aprender e Cazuza me ensinou muitas coisas novas, inclusive palavras e expressões.

E acima de tudo, Cazuza me ensinou muitos sentimentos bons.




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domingo, 16 de junho de 2013

Um livro por dia - #16 - Labirinto de Espelhos


Labirinto de Espelhos - Josué Montello


Mais um livro fantástico descoberto graças à minha professora de literatura do colégio.

A história deste livro foi de uma certa maneira, divertida para mim, mesmo que não fosse essa a intenção do autor.

Girando em torno dos parentes pobres esperando a morte da tia rica, eu li este livro, pensando no quão patéticos eles eram, por não conseguirem tocar suas vidas sem a esperança de um dia conseguir colocar as mãos no dinheiro da tia moribunda.

E essa personagem Tia Marta conseguiu me deixar em dúvida se gostava dela ou a odiava. Ela me lembrava muito uma cunhada de minha avó materna que viveu com ela durante alguns anos e que atormentava todo mundo, especialmente as crianças, com sua rabugice.

Tinha momentos em que eu até gostava do que Tia Marta dizia ou fazia aos sobrinhos mas, em outras situações, eu a odiava por sua maldade, que parecia ser deliberada e levada unicamente por um instinto vingativo.

E o mais interessante é que, durante a leitura deste livro, eu não consegui sentir simpatia ou pena por nenhum dos personagens.

E eu terminei essa leitura com a certeza de que cada personagem teve o que realmente merecia.


“Tia Marta ia cumprindo o que prometera: com o favor de Deus, continuava a levar os parentes ao cemitério, como se sua predestinação fosse realmente sobreviver à família, assistindo, impassível, ao sepultamento de cada um dos parentes” 

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sábado, 15 de junho de 2013

Um livro por dia - #15 - Os Tambores Silenciosos


Os Tambores Silenciosos - Josué Guimarães


Maria do Carmo.

Minha professora de literatura no primeiro ano e  no segundo ano do colegial.

Essa professora tinha o maravilhoso hábito de transformar as entediantes leituras obrigatórias para o vestibular em gincanas divertidas e fazer cada aluno de sua classe ler Camões e Gonçalves Dias com uma avidez impressionante.

Foi graças ela que eu conheci Josué Guimarães e este livro que me impressionou imensamente.

Uma crítica social pesada escondida pelos personagens caricatos e exagerados que foi minuciosamente destrinchada durante as aulas, tornando a leitura deste livro ainda mais interessante.

Desde as primeiras páginas as irmãs Pillar se tornaram minhas personagens favoritas e Maria da Glória, a preferida dentre todas.

E mesmo nunca tendo relido este livro depois de meu tempo de escola, a cena dos tambores pela rua, no 7 de setembro, ainda me causa arrepios quando me lembro.

Mas o mais assustador deste livro é, na verdade, o quanto as críticas sociais e políticas de Josué Guimarães são atuais, mesmo depois de tanto tempo.


- Mas doutor, ela sempre foi cega!


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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um Livro por Dia - #14 - Drácula


Drácula - Bram Stoker

Era um livro de bolso com uma tradução - hoje eu sei - razoavelmente boa e foi lido e relido tantas vezes que as páginas se soltaram da lombada.

E, obviamente, eu era muito jovem.

Minha concepção do Conde Drácula era aquela dos filmes de Christopher Lee e Peter Cushing e eu não tinha idéia de onde havia surgido o mito.

E, de repente, a idéia caricata de Drácula, incutida em minha mente pelos filmes B e C que eu assistia, deixou de existir.

Bram Stoker me deixou literalmente de queixo caído.

E eu adorei a história, contada sob o ponto de vista de cada um dos personagens, no formato de diários. Eu mesma tinha um diário que não era, é claro, nem remotamente tão interessante quanto o de Mina ou o de Jonathan Harker mas esse fato criou uma cumplicidade com os personagens que deixou a trama ainda mais real para mim.

O livro despertou em mim, primeiro a apreensão, junto com Jonathan, depois o medo com Lucy e Mina, raiva em um determinado momento e até mesmo compaixão por seu destino. Eu torcia pelos mocinhos mas tive muita pena de Drácula quando ele finalmente é morto pelos heróis.

E, durante muitos anos, sempre que relia meu judiado volume de bolso, eu, bem lá no fundo da minha mente, em um lugar que possivelmente nem eu mesma gosto de entrar, torcia para Drácula escapar com vida de seus perseguidores.


Enquanto viver, terei a alegria de lembrar que, no momento da dissolução final, houve no rosto do Conde uma expressão de paz como jamais supus que pudesse haver.

Nota - a série de posts Um livro por dia não tem a intenção de publicar críticas ou resenhas úteis ou mesmo interessantes. São sentimentos e sensações que aconteceram durante a leitura dos livros e que se transformaram em palavras. Se não fizerem sentido nenhum, por favor, não tente fazer com que tenham.




quinta-feira, 13 de junho de 2013

Um livro por dia - #13 - A Pequena Princesa



A Pequena Princesa - Frances Elisa Hodgson Burnett


Edições de Ouro.

Tinha uma loja deles perto de casa e eu comprava todos aqueles livrinhos lindos e pequeninos que eu adorava ler.

A Pequena Princesa foi um dos primeiros.

Sua história é simples, singela, inocente e emocionante.

Sim, mais um livro que me levou às lágrimas. Não tantas quanto outros livros mas houve uma cota considerável delas para ele também.

E foi lido em uma "assentada" como costumávamos dizer.

E foi relido váááárias vezes, porque a pequena Sara, simplesmente era a filha que eu sonhava em ter um dia : uma criança com valores de família, bondosa, caridosa e gentil.

A realidade foi muito generosa comigo pois recebi muito mais do que sonhei quando tive minhas filhas.

Mas, a lembrança da Pequena Princesa Sara, que poderia ser minha filhinha um dia, continuou sempre comigo.

"E Sara sentiu que Ana a compreendera perfeitamente[...] E de continuar olhando-a assim, embevecida, até Sara sair da loja pela mão do Tio Tom e entrar com ele na carruagem com a dignidade de uma princesinha."




Nota - a série de posts Um livro por dia não tem a intenção de publicar críticas ou resenhas úteis ou mesmo interessantes. São sentimentos e sensações que aconteceram durante a leitura dos livros e que se transformaram em palavras. Se não fizerem sentido nenhum, por favor, não tente fazer com que tenham.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Um livro por dia - #12 - Operação Cavalo de Tróia


Operação Cavalo de Tróia - J.J.Benitez


Adorado por uns, criticado por outros, a verdade é que eu nunca me importei com o que outros leitores pensavam sobre a série Cavalo de Tróia do Benitez.

Somente anos depois, o livro ganhou o codinome Jerusalém, quando eu o li, ainda eram os volumes I, II, III e IV, apenas isso.

Eu li por pura curiosidade, já adulta, casada, estudante de teologia e com um conhecimento relativamente bom de antropologia bíblica, minha matéria preferida no curso livre.

E me apaixonei perdidamente por Jesus de Nazaré.

Pelo personagem de ficção que Benitez criou, é claro porque, apesar das declarações que ele faz, afirmando que a história é verídica (estava frente à frente com ele e ele nem piscou quando me disse isso), Operação Cavalo de Tróia é um livro de ficção, muito bem documentado e pesquisado.

E esse Jesus que Benitez criou, visto pelos olhos de Jasão, o viajante do tempo, era um gigante que realmente impressionou o suposto autor dos dossiês que revelam a operação montada para testemunhar os últimos dias de Jesus antes da crucificação.

É claro que as palavras de Jesus na Bíblia permitem muitas interpretações e eu recebi com respeito as idéias do autor como receberia as de qualquer teólogo com uma nova teoria. Mas não que eles tenham me convencido de algo ou mudado minha crença ou doutrina.

Mas quando criança, eu me imaginava viajando no tempo e andando por aquelas bandas áridas e estranhas e encontrando, no meio do caminho, um homem a quem todos chamavam de Mestre.

E ele me olharia nos olhos e sorriria para mim.

E isso bastaria.

Jasão realizou meu sonho de criança.


“Jesus sentou-se ao meu lado, com a respiração ainda agitada e a testa coberta de suor.

- Jasão, amigo, que acontece? Tu estás aqui para dar testemunho e não deves fraquejar...


- Então sabes quem eu...


Jesus sorriu e, passando seu longo braço sobre meus ombros, apontou para a porta do jardim, onde ainda montavam guarda seus discípulos.


- Muito tempo irá passar até que eles e as gerações vindouras compreendam quem sou e porque fui enviado por meu Pai... Tu, apesar de vires de onde vens, está mais próximo do que eles da verdade.




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terça-feira, 11 de junho de 2013

Um livro por dia - #11 - A Droga da Obediência


A Droga da Obedência - Pedro Bandeira




Pedro Bandeira, um autor infanto-juvenil que todos os adultos deveriam ler.

Foi o que aconteceu comigo. 

A garota que lia Jorge Amado aos 10 anos, se descobriu, já adulta, encantada pelas aventuras do grupo de adolescentes paulistanos, os Karas.

A história trata de um assunto muito sério e coloca os jovens em contato com elementos muito perigosos mas que, infelizmente, fazem parte da vida.

Na época, minha irmã mais nova não gostava de ler os livros que a escola  indicava e eu costumava, às escondidas de minha mãe, lê-los e contá-los em detalhes para ela, que tirava sempre as melhores notas nas provas dos livros.

A Droga da Obediência foi o primeiro de muitos livros de Pedro Bandeira que eu li. 

E este livro foi marcante pelo fato de me apresentar a um escritor brasileiro tão bom e também por me mostrar que, para boas histórias, não existe idade.



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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um livro por dia - #10 - Coração


Coração - Edmundo de Amicis


Pense em um livro capaz de fazer você chorar de soluçar.

Foi assim que a leitura de Coração me deixou, chorando de soluçar em algumas passagens, chorando copiosamente em outras e chorando, simplesmente chorando muito no restante das páginas.

Para mim, é impossível começar a lê-lo e não chorar a cada trecho do diário de Henrique que conta seu dia-a-dia em uma escola de meninos.

Ele fala sobre jovens estudantes tão diferentes dos jovens de hoje, que o livro poderia entrar para a categoria ficção e fantasia em um instante.

Já não pego suas páginas para ler há algum tempo.

Mas lembro muito bem da emoção de ler esta história, das lágrimas que teimavam em cair com meras frases de carinho, com pequenos gestos de amor e respeito realizados por aquelas crianças nas páginas deste livro.

E sinto saudades de chorar por coisas bobas.

- Se houver alguém com quem você não se portou bem, vá procurá-lo e peça-lhe perdão. Há algum?
- Nenhum - , respondi.
- Então...Adeus! - disse meu pai. com voz comovida, olhando a escola pela última vez.
E mamãe repetiu :
- Adeus...
E eu...eu não conseguia dizer mais nada.




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domingo, 9 de junho de 2013

Um livro por dia - #9 - O Caso da Borboleta Atíria


O Caso da Borboleta Atíria - Lúcia Machado de Almeida




A Coleção Vagalume talvez tenha sido a mais interessante série de livros que já tive o prazer de ler.

Não foi necessário nenhum professor me obrigar a comprar seus livros ou fazer provas e trabalhos para que eu os procurasse nas livrarias sempre que tinha oportunidade.

E o primeiro livro desta coleção que eu li foi O Caso da Borboleta Atíria.

E fiquei apaixonada pela borboleta detetive Papílio - que eu adorava chamar de "borboleto" -  que desvenda, junto com Atíria, a morte de Helicônia e de Vanessa - eu achava o máximo uma borboleta se chamar Vanessa - duas borboletas envolvidas com o Príncipe Grilo.

Provavelmente, Papílio foi o primeiro detetive por quem me apaixonei. 

Algum tempo depois, ao conhecer Sherlock Holmes em Um Estudo em Vermelho, eu vi um pouco do meu amado "borboleto" na incrível mente do detetive inglês.

E o mistério da morte das borboletas, a genialidade de Papílio e Atíria e a crueldade terrível dos vilões da história me arrebataram de tal maneira que, em poucas horas, terminei a leitura do livro e minha empolgação pela Coleção Vagalume me levou a ler muitos outros títulos que, certamente fizeram uma enorme diferença em minha vida.


Num bosque cheio de passarinhos e flores, aparecera certa vez uma pequenina e silenciosa 
crisálida, colada ao tronco de uma árvore. 
Uma velha Jitiranabóia examinava-a admirada, pensando nas coisas extraordinárias que 
estavam acontecendo com ela. Pobrezinha! Ficava ali tão só e abandonada! Em toda parte as 
mães-borboletas gostavam de vigiar as crisálidas, esperando a hora em que se completasse o 
fenômeno maravilhoso da metamorfose e as filhinhas-borboletas saíssem dos invólucros



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sábado, 8 de junho de 2013

Um livro por dia - #8 - Coração de Onça


Coração de Onça - Ofélia e Narbal Fontes


Sim, os livros de minha infância e adolescência me marcaram muito.

São tantos, que alguns já se perderam em meio ao emaranhado de lembranças que é minha memória.

Mas muitos deles, continuam vivos lá dentro, como se os houvesse lido ainda ontem.

Não é o caso de Coração de Onça. Muito da história já se perdeu para mim.

Eu me lembro que a leitura era fácil afinal, eu já tinha autores mais "pesados" como experiência, lembro também de ter lido este livro inúmeras vezes. E ele ainda está entre aqueles que trouxe para minha vida de casada, apenas que nunca mais foi lido.

Mas as lembranças de algumas tardes quentes no sofá do pequeno escritório/biblioteca que tínhamos em nossa casa em Goiânia, essas não se apagaram.

Também não se apagaram os trechos mais emocionantes deste livro como a noz voando pela janela do quarto de Luzia e sua reação, Antônio sendo flechado no pescoço, o tempo passado nas minas de prata e claro, a linda cena final onde finalmente o herói fica com a mocinha.

As melhores lembranças permaneceram e ficaram marcadas para sempre como a célebre frase usada por Antônio Castanho para declarar seu amor por Luzia Mendonça.


"Andarei mil léguas no mundo com tua imagem no coração"






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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Um livro por dia - #7 - A Luneta Mágica


A Luneta Mágica - Joaquim Manoel de Macedo

Quando adolescente, eu sempre achei  a escrita de Joaquim Manoel de Macedo de um romantismo enjoativo e exagerado. 

E isso vindo de uma pessoa romântica e chorona a níveis enjoativos.

Eu lia os barrocos, os modernistas, os realistas e os românticos exigidos pela escola e aproveitava o "embalo" e lia outras obras destes autores como toda boa "traça de livros" que não se contentava em ler apenas o que os professores achavam necessário.

E eu não gostei do famoso e tão comentado A Moreninha mas em compensação, adorei A Luneta Mágica.

Simplício e suas miopias física e moral me interessaram muito mais do que as descrições bonitinhas da paisagem da Ilha de Paquetá e, com sua história sobre as lunetas mágicas, um toque de fantasia e ficção em um romance romântico (sim, redundância, eu sei) Joaquim "Diabético" de Macedo conseguiu subir no meu conceito.

É interessante notar como alguns trechos da história são atemporais, podendo servir tanto para o tempo em que foi escrita como para os dias de hoje, com destaque especial para o capítulo XXXIX onde Simplício tenta analisar um rato sob a lente da visão do mal.

Na época em que li este livro, as lunetas que deram a Simplício o poder de enxergar o bem e o mal nas pessoas me deixaram intrigada.

E perceber que, em cada um de nós, existem essas duas naturezas e que depende de nós permitir que uma delas venha à superfície, me deixou assustada.

Mas, no final, ao descobrir que, o que deve prevalecer é mesmo o bom senso de cada um, fiquei mais aliviada.

Porque nem todos podem ter a oportunidade que Simplício teve de enxergar o bem e o mal das pessoas (e alguns animais) separados, um do outro mas todos nós  temos em nós a opção de escolher sempre um meio termo entre ser bons ou ser maus.

Isso se chama Bom Senso.


E já lá vai um mês... um mês inteiro de visão do bom senso.
Sinto desejo veemente de referir o que tenho observado; mas estou preso pelo dever de gratidão e pela religião do juramento, que me impõe silêncio.
Quantas lunetas do bom senso terá o armênio preparado magicamente para o armazém do Reis? E este a quantos amigos as terá confiado?...
Não posso compreender estas cerimônias e escrúpulos do meu amigo Reis
Tais escrúpulos são até antipatrióticos.
Se o Reis quer teimar no seu prejudicialíssimo sigilo, deve ao menos, e embora muito em segredo, oferecer sete lunetas mágicas com a visão do bom senso para uso dos membros do ministério e do governo do Brasil.
Não posso falar, não posso escrever, não posso dizer o que a visão do bom senso me está ensinando há um mês.
Quando o meu amigo Reis me desligar do juramento que fiz, escreverei o livro da- visão do Bom Senso.
Mas até lá... segredo.




Nota - a série de posts Um livro por dia não tem a intenção de publicar críticas ou resenhas úteis ou mesmo interessantes. São sentimentos e sensações que aconteceram durante a leitura dos livros e que se transformaram em palavras. Se não fizerem sentido nenhum, por favor, não tente fazer com que tenham.