domingo, 5 de agosto de 2012

O SILÊNCIO DE CRISTO


Já há algum tempo eu compreendo bem o significado do silêncio de Cristo.
Quando Ele se cala, é porque está agindo.
A mim, cabe ter paciência para aguardar o tempo certo de todas as coisas.

Não sou a dona deste texto.
Terei prazer em creditá-lo se alguém souber sua autoria.

O Silêncio de Cristo

Uma antiga lenda norueguesa narra este episódio sobre um homem chamado Haakon, que cuidava de uma capela à qual muita gente vinha orar com devoção. Nesta capela havia uma cruz muito antiga, e muitos vinham ali para pedir a Cristo que fizesse algum milagre.
Certo dia, o eremita Haakon quis também pedir-lhe um favor, impulsionava-o um sentimento generoso. Ajoelhou-se diante da crua e disse:
- Senhor, quero padecer por vós, deixai-me ocupar vosso lugar, quero substituir-vos na Cruz.
E permaneceu com o olhar pendente da cruz, como quem espera uma resposta. O Senhor abriu os lábios e falou. As suas palavras caíam do alto, sussurantes e admoestadoras :
- Meu servo, cedo ao teu desejo, mas com uma condição.
- Qual é Senhor? – Perguntou com acento suplicante Haakon. – É uma condição difícil? Estou disposto a cumpri-la com a tua ajuda!
- Escuta-me, aconteça o que acontecer, e vejas tu o que vires, deves guardar sempre o silêncio.
Haakon respondeu:
- Prometo-o Senhor!
E fizeram a troca sem que ninguém o percebesse.
Ninguém reconheceu o eremita pendente da cruz; quanto ao Senhor, ocupava o lugar de Haakon. Durante muito tempo, este conseguiu cumprir seu compromisso e não disse nada a ninguém.
Certo dia, porém, chegou um homem rico. Depois de orar, deixou ali esquecida a sua bolsa. Haakon viu-o e calou-se. Também não disse nada quando um pobre, que veio duas horas mais tarde, se apropriou da bolsa do rico.
E também não quando um rapaz se prostrou diante dele pouco depois para pedir-lhe a sua graça antes de empreender uma longa viagem.
Nesse momento porém, o rico tornou a entrar em busca da bolsa. Como não encontrasse, pensou que o rapaz se teria apropriado dela. Voltou-se para ele e o interpelou com raiva:
- Dá-me a bolsa que roubaste!
O jovem surpreso, replicou-lhe:
- Não roubei nenhuma bolsa!
- Não mintas, devolve-me já!
- Repito que não apanhei nenhuma bolsa!
O rico arremeteu furioso contra ele. Soou então uma voz forte:
- Para!
O rico olhou para cima e viu que a imagem lhe falava. Haakon, que não conseguiu permanecer em silêncio diante daquela injustiça, gritou-lhe, defendeu o jovem e censurou o rico pela falsa acusação.
O rico ficou aniquilado e saiu da capela. O jovem saiu também porque tinha pressa para empreender a sua viagem.
Quando a capela ficou vazia, Cristo dirigiu-se ao servo e disse-lhe :
- Desce da cruz. Não serves para ocupar o meu lugar. Não soubeste guardar silêncio.
- Mas Senhor, como podia eu permitir essa injustiça?
O Senhor continuou a falar-lhe:
- Ti não sabias que era conveniente para o rico perder a bolsa, pois trazia nela o preço da virgindade de uma jovem. O pobre, pelo contrário, tinha necessidade desse dinheiro; quanto ao rapaz que ia receber os golpes, as suas feridas o teriam impedido de fazer a viagem que, para ele, foi fatal: faz alguns minutos que o seu barco naufragou e ele se afogou. Tu também não sabias disso mas Eu sim. E por isso me calo.
E o Senhor tornou a guardar silêncio.

Muitas vezes nos perguntamos porque Deus não nos responde. Porque Deus se cala.
Muitos de nós gostaríamos que nos respondesse o que desejamos ouvir mas Ele não o faz, responde-nos com o silêncio.
Deveríamos aprender a escutar esse silêncio. O Divino Silêncio é uma palavra destinada a convencer-nos de que Ele, sim, sabe o que faz.
Com Seu silêncio, nos diz carinhosamente:
“Confia em mim, sei o que é preciso fazer!”

Nenhum comentário: