sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sobre vaidade e moda


Eu nunca fui vaidosa, isto é um fato incontestável.
Nunca abri mão de minutos preciosos de sono pela manhã para me arrumar na frente do espelho.
Eu me lembro de que muitas vezes, eu apenas escovava os dentes, colocava o uniforme do colégio e ia embora sem nem ao menos passar um pente nos cabelos.
E eu só percebia que não havia penteado meu cabelo no horário do intervalo quando minha prima que estudava na outra classe , vinha toda jeitosa tentar me convencer a colocar uma presilha nele.
Para minha sorte e paz de espírito, isso nunca me incomodou.
Na verdade, olhando para trás, eu percebo que o tal bullying que os colegas e supostas amigas me faziam, me divertia muito. Eu achava muita graça da preocupação que algumas pessoas tinham com a minha aparência e com a minha estranha noção de moda.
Sim, porque crédito seja dado aos infelizes, em matéria de moda, eu sempre fui um caso perdido.
Mas a verdade é que, até hoje, eu não costumo me importar com o que combina ou não quando decido colocar uma roupa. Felizmente para quem anda em minha companhia, meu gosto melhorou consideravelmente do meu tempo de adolescente mas eu ainda tenho meus momentos - que eu a-do-ro! - que arrepiam os cabelos dos entendidos de moda e até de alguns menos entendidos.
O que eu nunca entendi, era porque as pessoas se preocupavam tanto com a minha vida.
Com o tempo, eu percebi que praticamente todos que eu conhecia vivam assim, preocupados em apontar o que os outros faziam de errado e nunca olhavam para si mesmos.
Eu sempre procurei ser educada com quem vinha me aconselhar, cheios de boas intenções : "faça assim", "não faça isso desse jeito", "use isso ou aquilo". Eu, muitos anos antes dos pinguins de Madagascar inventarem o termo, já sorria e acenava com a cabeça, pensando comigo "mando ou não mando? Nahhh, mando nada, deixa ela pensar que estou concordando com tudo".
Hoje em dia, eu sou menos educada - é mais forte do que eu perguntar se o intrometido paga minha contas para querer dar palpite nas minhas roupas - mas, pelo menos, eu escuto e pondero o que me dizem. Se for conveniente, eu sigo o conselho, se não for, eu sorrio e aceno.
Moda para mim, é o que me faz sentir bem. Estar na moda é olhar no espelho e gostar do que vê.
Vaidade não é meu ponto forte porque eu simplesmente não acredito na teoria de que nos arrumamos para os outros, para alguém especial.
Eu tenho a convicção de que a única pessoa que eu preciso agradar com a minha aparência sou eu mesma.
Felizmente - ou infelizmente, dependendo do ponto de vista - meus critérios de avaliação são assustadoramente baixos.
Eu tenho consciência entretanto de que preciso me cuidar e faço isso, com critério, com atenção, pensando primeiro na minha saúde, depois na minha aparência.
Porque no final mesmo, é nossa saúde que vem em primeiro lugar e eu pretendo, de verdade, chegar aos 100 anos podendo me olhar no espelho e ter a certeza de que tudo o que fiz, foi para mim mesma.

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