quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sobre Agatha Christie e livros de mistério

Ontem, se estivesse viva, a escritora Agatha Christie completaria 120 anos. Algumas pessoas estranham o fato de se comemorar o suposto aniversário de pessoas que já morreram. Eu não sou uma delas. Acho bacana me imaginar com 100, 110 e até 120 anos, enchendo o saco de netos, bisnetos e vizinhos. E, cá entre nós, pretendo chegar bem perto destas marcas. Se você acha que vai morrer muito antes, vá com Deus, prometo anotar e comemorar seus aniversários vindouros.

Mas, voltando ao que interessa, Agatha Christie. Ela foi a primeira autora de mistério que li. Hercule Poirot, seu personagem mais famoso foi o primeiro detetive por quem me apaixonei na vida, apesar de sua descrição física não entusiasmar nenhuma pré-adolescente dos dias de hoje, eu pouco me importei que o detetive belga fosse baixinho, carece a cheio de manias estranhas, ele era um gênio e para mim foi o suficiente para atirar-me aos livros da "Rainha do Crime".

Foram horas e horas de minha juventude passadas com seus livros nas mãos, devorando cada palavra, atenta aos mínimos detalhes, tentando decifrar antes de Poirot os casos que me eram apresentados. Tive sucesso em poucos deles, Poirot me venceu em quase todos, confesso que não tinha uma imaginação tão aguçada há tempos atrás. Talvez, hoje em dia eu conseguisse mais êxito em descobrir alguns dos casos mas, na verdade, o divertido era não saber, não conseguir juntar as pistas até o momento fatal quando Poirot colocava todos os suspeitos e envolvidos no caso em um mesmo lugar e mostrava toda sua genialidade que passava despercebida pelos personagens no decorrer do livro.

Eu sempre gostei do fato de Poirot não se importar em parecer idiota e até mesmo "gagá" em alguns casos. Era divertido ler as reações dos personagens que pouco valor davam para o detetive. Adorava as cartadas finais dele, mostrando a todos o quanto ele era inteligente.

"Eu não vou contar para vocês uma história comprida e complicada. Direi apenas que uma coisa simples como um vidro de tinta forneceu-me a chave do mistério" - Hercule Poirot

Eu não tenho certeza dos números mas, por alto, devo ter lido uns 35 livros de Agatha Christie, o primeiro deles foi A Terceira Moça. Destes 35, se li dois protagonizados por Miss Marple foi muito. A esperta velhinha nunca me despertou o interesse e paixão que Poirot despertava. Claro que ela também é uma detetive maravilhosa, aliás, ela é muito divertida e é muito interessante ler nos livros, como ela consegue que as pessoas lhe contem o necessário para desvendar seus casos. Não desmereço Miss Marple, mesmo porque, ela é claramente o alter ego de sua criadora mas Poirot não tem concorrentes, ao menos para mim.

"Poirot observou-a por longo tempo. Suspirou e disse consigo mesmo: - Sim...decididamente...temos que eliminar o que não interessa..."

Não muito tempo depois de Agatha Christie, conheci Connan Doyle e seu maravilho Sherlock Holmes. Sou fã assumida do detetive inglês que não tem nada do refinamento de Poirot, muito pelo contrário. Holmes - e por favor, esqueçam-se por um momento de filmes antigos e de Robert Downey Jr.(ai, meu Deus!)- é completamente desequilibrado, algo muito comum em pessoas tão inteligentes quanto ele. E por isso mesmo eu o adoro. Claro que gosto dele nos filmes mas o personagem é bem diferente nos livros, nada daquele glamour que mostram em cena. O Holmes dos livros é mais agressivo, mais perturbado e uma das cenas mais chocantes para mim, foi Watson descrevendo seu amigo injetando drogas em seu apartamento. Ah, sim, eu sei, hoje, que tem ligação com costumes da época e também com o fato de Holmes fazer experiências com venenos, drogas, explosivos e afins em seu apartamento. Mas eu era praticamente uma criança e quando digo criança, quero dizer daquelas que brincavam de bonecas, e de pular corda e nunca pensava em usar baton ou ir a uma "balada" aos 12 anos, dá licença gente, eu sou antiga tenho o direito de me chocar aos 12 anos.

"Quantas vezes eu tenho que lhe dizer que quando você elimina o impossível, o que restar, mesmo que seja improvável, tem que ser a verdade?" - Sherlock Holmes - O Signo dos Quatro

Depois de Poirot e Holmes, tudo o que me caía nas mãos relacionado a mistérios me atraía. Podia ser bom, ou muito ruim, eu sempre gostava. Os três livros do detetive particular Perry Mason, personagem de E. S. Gardner que li, estavam se desmanchando em minhas mãos de tão antigos e eu espirrava a cada cinco minutos por causa do cheiro de mofo, ainda assim li os três, um em seguida do outro e resgatei os pobres livros de uma estante abandonada em um apartamento de amigos no Guarujá e os tenho até hoje comigo.

Livros de mistério aguçam minha mente, me ajudam a pensar e despertam a curiosidade inata que faz parte do DNA de nós mulheres. Não consigo pegar um livro destes e simplesmente ler um capítulo por noite, como fiz com O Senhor dos Anéis (e vou confessar que pulei a parte do Tom Bombadil porque estava sem paciência, só a li muitos anos depois). Gosto de começar e chegar ao final para descobrir o que aconteceu. E mesmo hoje em dia, não fico tentando descobrir com muito afinco o mistério. Vou, como fazia com Poirot, desvendando aos poucos, juntando informações e pistas. Isso faz com que o final fique muito mais interessante.

É, ela não está conosco desde 1976 mas não há dúvidas de que seus livros a tornaram imortal. E ela só precisou cortar algumas cabeças e envenenar uns e outros aqui e ali, mas com muita genialidade. Ela realmente merece o titulo de Rainha do Crime.

"Nós não teremos mais caçadas juntos, meu amigo. Nossa primeira caçada foi aqui, e também a nossa última... Aqueles foram dias bons. É,  têm sido dias muito bons..." - Hercule Poirot - Cai o Pano

3 comentários:

Sheilla, a Vaire/Nimue disse...

Agatha Cristhie me fez virar rato da biblioteca da escola.
Ela me deu gosto pela leitura...
Que bom ver que ela fica na historia.

A. Paulsen disse...

Sil, conhece o Comissário Maigret? É um personagem do Simenon. São 75 (!) histórias com ele. ^_^ Adoro!

Lisa Sukys disse...

Interessante, fizemos o mesmo caminho nos livros de mistérios :)E tambem prefiro Poirot a Miss Marple.
Assista a série inglesa Sherlock Holmes, foram só 3 episódios na primeira temporada, mas mostra um Holmes diferente dos filmes.
E Agatha Christie merece realmente ser a Rainha do Crime!!!