quarta-feira, 20 de julho de 2011

A arte de assistir a um filme

Existem muitas maneiras de se assistir a um filme no cinema.

A pessoa pode entrar em uma sessão vazia, durante a semana no meio da tarde,daquela que nem mas moscas querem entrar, pode pegar aquela sessão lotadaça do final da noite de sábado quando todo mundo que não tem nada para fazer resolve ir ao cinema, pode ir a uma cabine exclusiva para jornalistas onde o simples ato de respirar fundo provoca shshshsshs indignados por toda a sala, ou pode fazer como eu e ir a uma sessão fechada para fãs enlouquecidos que gritam o tempo todo da exibição.

A primeira vez que fui a uma sessão de fãs fiquei assustada. Logo ao chegar me vi rodeada de gente vestida com roupas estranhas, alguns tinham orehas pontudas e carregavam arcos nas costas e os mais ousados, estavam descalços e tinham pés peludos.

Eu nunca me esquecerei daquela tarde no cinema quando assisti junto com o fã clube de O Senhor Dos Anéis aos filme As Duas Torres.

A empolgação era tamanha que logo eu estava gritando e apaludindo junto com eles as cenas mais emocionantes. ASsim como a maioria, nem me importei com a licença poética de Peter Jackson em colocar elfos em Helms Deep, pelo contrário, eu ja estava tão envolvida pelo clima da sala de cinema que gritei e bati palmas quando Haldir chegou liderando o excército de Elrond. Tolkien teria que me desculpar por apoiar tal salada mista em sua obra porque aquela cena ficou marcada para sempre em meu coração como o instante em que decidi que nunca mais entraria em uma cabine para jornalistas.

Infelizmente fui obrigada a ir a algumas cabines depois deste dia mas fui contrariada.

Não há compração em sentar-se ao lado de um fã apaixonado e de um jornalista que muitas vezes não tem nem idéia do que está assistindo.

É evidente que tenho um enorme respeito pelos colegas críticos que se esforçam imensamente para passar a seu público uma opinião imparcial e fria das produções.

Logo de cara, eu percebi que esta imparcialidade não era minha especialidade e nunca seria.

Quando comecei a escrever na revista, já era apaixonada por Arquivo X e foram raras as vezes que consegui analisar um episódio com imparcialidade mas, afinal, eu não era paga para encontrar defeitos e sim para falar justamente sobre a paixão que a série despertava nos fãs.

De Arquivo X para cá, foram muitos seriados, livros, games e filmes que me conquistaram e Harry Potter foi um dos mais marcantes.

O bruxinho me conquistou quando seus livros já começavam a ser mencionados como best sellers mas ainda não eram o fenômeno absurdo que se tornou mais tarde.

Comprei os dois primeiros, já em português para minhas filhas e, como sempre fazia, li primeiro, antes de entregar a elas.

Foi paixão a primeira vista, o mesmo acontecendo com as meninas quando colocaram os olhos em Harry Potter e a Pedra Filosofal.

Quando o primeiro filme chegou ao cinema, fui a mãe voluntária para levar as amiguinhas da escola ao cinema e admito que me diverti muito mais do que elas.

E daí por diante, foram sessões e mais sessões de cinema em turmas cada vez mais empolgadas e animadas.

Minha alegria em assistir sessões de cinema com outros fãs só aumentou com o passar do tempo e foi com muita empolgação que me preparei para assistir ao último filme de Harry Potter no cinema.

E estava, como sempre, tudo de volta. A alegria, a empolgação e a emoção de estar juntos aos amigos nesta derradeira aventura de Harry Pottrer, que cresceu ao meu lado, junto com minhas filhas e que, naquela noite, iria me dizer adeus.

Entrei no cinema, sabendo que seriam risos e lágrimas mas nada me preparou para os soluços à minha volta. Meus olhos ardiam com as lágrimas que eu não tinha vergonha de derramar e eu aplaudi e gritei junto com todos os momentos mais emocionantes daquela saga que terminava.

E eu posso garantir que nunca, nunca mesmo, me arrependi de estar em uma sala lotada de fãs.

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