Mãe chora muito. Muito mesmo.
De alegria,de tristeza,de desespero, de raiva e de alívio.
Eu chorei na sala de parto.
Foi um momento mágico e lindo, independente de eu estar em uma sala cirúrgica, cercada de gente mascarada e com a barriga aberta e sangrando, eu chorei de alegria quando colocaram minhas filhas nos meus braços.
Eu chorei na sala de estar da casa da minha sogra.
Eu chorei de tristeza quando meu sogro não teve mais forças para segurar a neta em seus braços porque o câncer já estava afetando sua coordenação motora.
Eu chorei ajoelhada ao lado da minha cama.
Eu chorei de desespero ao ver minhas filhas praticamente inconscientes, com o olhar vazio, deitadas na minha cama, vitimadas pela desidratação.
Eu chorei abraçada à minha filha.
Eu chorei de alívio, quando elas acordaram, recuperadas da desidratação e sorriram para mim.
A alegria traz o sorriso, a paz, o amor para nossas vidas, por isso, eu me lembro com carinho os momentos em que chorei de alegria.
A tristeza traz a solidariedade, o consolo, o carinho, o abraço e por isso, os choros de tristeza devem ser lembrados também.
A lembrança das lágrimas de desespero trazem consigo a lição, o aprendizado e eu nunca mais me permiti que este choro me dominasse novamente.
O alívio, limpa a alma, acalma o coração e traz calma e paz. Eu me lembro do choro de alívio como uma vitória para nossa luta.
Eu já chorei de raiva muitas vezes.
Mas apaguei as lembranças.
A raiva não traz lições, não traz nada de bom para se guardar e levar para o futuro.
Com a raiva, vem o rancor que devora o coração e tira nossa alegria de viver.
Eu não aprendi a não chorar de raiva.
Mas aprendi que, depois que o choro termina, a raiva vai embora com ele.
E também todas as memórias do que o provocou.
E hoje, eu continuo chorando.
Muito.
De alegria, de tristeza, de alívio e também de felicidade.
E só.
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